sexta-feira, 16 de julho de 2010
Wild Child
A Valentina está passando pela experiência do frio. Quando sai para a rua, e sente o ar gelado no rosto, me olha com cara de quem não entende bem, a respiração fica mais concentrada, o narizinho vermelho, as orelhas tapadas pela toca amarela, e os dedinhos dormentes. Blusas sobre blusas, casacos sobre casacos, calças sobre calças, meias sobre meias. O resultado final é uma bonequinha gorducha que mal consegue se movimentar. É uma bolinha de roupas caminhando pela casa. As I sayd before. Minha paixão pelo inverno diminuiu um certo tanto depois que chegou a Valentina. E a hora do banho? Ui, ui, ui. Se eu mal tenho coragem de entrar embaixo do chuveiro, que dirá colocá-la na banheira. Estufa, ya, ya. Anyway, as estações do ano, as estações da vida. Estão todas aí - desde sempre - é preciso aprender a ser&estar em todas elas. E: enjoy it. Por exemplo: deitar a Valen na cama comigo e dormir bem coladinha embaixo das cobertas. Às vezes eu não resisto a rouba-la do berço - tão frio. "Malcriações do Amor de Mais". Nada. Só uma mimadinha eventual ;)
Tem que comprar um poncho para a Uruguayaaaa!!!! (esquentar as mãozinhas)
terça-feira, 13 de julho de 2010
It's July and it's wintertime
E vem esse clima invernal, as mãos geladas, casacos malditos sem bolso, um sol desmaiado que não aquece. Os pensamentos ultrapassam a barreira do éter, e se dispersam vagos pelo asfalto das ruas calmas, misturados a fumaça do cigarro e o vapor gelado da respiração entrecortada. Súplica: um café quente. Uma música que seja silenciosa. Um rock que seja salvação. Um olhar que seja desprovido de sentido. Qualquer coisa que seja assim meio sagrada, místico-religiosa, as preces dos ventos cardiais. Celebrar a liberdade do despertencimento. O fim do Ser Humano é a Solidão. É preciso aprender a ficar só, é preciso saber andar na chuva, é preciso saber controlar as doses destiladas e a poesia no fim da noite. Tudo que é Vivo & Forte e cobre a terra e brota gritante nas pupilas escancaradas - a loucura sóbria, os dias amarelos, blue sky. A pele se arrepia ao contato sem sentimento do ar gelado. Dormência, letargia, lábios roxos. Uma beleza secular. Um avesso de sensações que é um sentir extremo e delicado. Um choque abrupto que ressalta a realidade da Existência Orgânica, dos Prazeres Estéticos, dos Sonos & Sonhos. A vida é o sonho. O sonho é a vida. O sono da existência preenche todos os espaços. Fricciono vigorosamente as mãos na tentativa de produzir calor - como faziam Homo-alguma-coisa - outra espécie - ainda humana? - a miles de milênios atrás. Esquecer? Fechar as janelas & as portas. Recolher-se numa concha de retalhos - como aquela de Botticelli, talvez. Uma Verdade Ocidental. Um herança acidental. Enough. Daqui a pouco o dia vira noite, e eu desperto da lucidez do mundo.
E quanto a Srta. Valentina. Pela rua a las 11, conhecendo as sensações. O frio gelado gelado no rosto. O ar frio nos pulmões. E nariz vermelho. Nos olhos, a des-compreensão.
E a copa do mundo acabou, e España foi a campeã. Que 2014 seja de Uruguay o Argentina! Vamos vamos!
ROMANCE SONÁMBULO
Verde que te quiero verde.
Verde viento. Verdes ramas.
El barco sobre la mar
y el caballo en la montaña.
Con la sombra en la cintura
ella sueña en su baranda,
verde carne, pelo verde,
con ojos de fría plata.
Verde que te quiero verde.
Bajo la luna gitana,
las cosas le están mirando
y ella no puede mirarlas.
Federico García Lorca
Mas a felicidade fica por conta da bola de ouro para: DIEGO FORLÁN.
A Copa do Mundo não foi em vão, afinal, desta vez.
quinta-feira, 8 de julho de 2010
Hoje a tristeza não é passageira
Parece que o mundo conseguiu perder o sentido - completamente dessa vez - e mergulhou no mar vazio da inexpressividade e falta de perspectivas. Parece que os flashes tragicômicos, a cenas almodovarianas, o nonsense, conseguiram enfim tornar tudo inintelígivel. Eu nem sei que língua eu falo mais. Eu não quem eu sou, de onde venho. Eu sei que eu não sou daqui - eu sempre soube. "Go ask Alice". Vontade de colocar a Valentina nas costas e ir pra milhas e milhas de distância. Far far away. Tired, at all. Uma música, pra explicar tudo, e pra que eu não tenha que escrever mais nada.
A Via Láctea
Legião Urbana
Composição: Dado Villa-Lobos/ Renato Russo/ Marcelo Bonfá
Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho
Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz...
Mas não me diga isso...
Hoje a tristeza
Não é passageira
Hoje fiquei com febre
A tarde inteira
E quando chegar a noite
Cada estrela
Parecerá uma lágrima...
Queria ser como os outros
E rir das desgraças da vida
Ou fingir estar sempre bem
Ver a leveza
Das coisas com humor...
Mas não me diga isso...
É só hoje e isso passa
Só me deixe aqui quieto
Isso passa
Amanhã é um outro dia
Não é?...
Eu nem sei porque
Me sinto assim
Vem de repente um anjo
Triste perto de mim...
E essa febre que não passa
E meu sorriso sem graça
Não me dê atenção
Mas obrigado
Por pensar em mim...
Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz
Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho...
Quando tudo está perdido
Eu me sinto tão sozinho
Quando tudo está perdido
Não quero mais ser
Quem eu sou...
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