sábado, 5 de novembro de 2011

Do Verbo

Yo Soy
Estoy
Voy
a bailar y bailar y volver a empezar...


"Aquel espíritu de iniciativa social desapareció en poco tiempo, arrastrado por la fiebre de los imanes, cálculos astronómicos, los sueños de transmutación y las ansias de conocer las maravillas del mundo."

(Cien años de Soledad)

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Da fantasia, alegoria, agonia & segurança

Se ainda pudesse completar uma frase, um pensamento um suspiro, ou uma sensação qualquer. Deixar de deixar as coisas serem assim – uma metade, amorfas, existências –prácticas pero no sentimentales. Se pudesse fazer irromper, como a rolha irrompe da garrafa de vinho: POC! Se houve um momento em que de repente: POC! Tudo fizesse sentido. Se. E se. “Nothing left to me” Mas isso não é verdade, não, nada disso. O mundo respira, o mundo tem texturas, tem sons, tem amores, tem suores, tem resmungos, lamentações, tem flores, tem beijos, torpores. O mundo tem todas as sensações que se pode imaginar. Inusitadamente, o mundo é algo que de repente se tornou tão externo – que de repente, não sentimos quase mais nada. Quase. Nada. Quase. Nada. Às vezes, sim. Às vezes vem de repente um daqueles prazeres superiormente interessantes. Um Bowie, uma Rice, um cabernet. Cadernos, recuerdos. Yo se que aún hay mistérios. Y eso me hace viva.

Viva, assim, de repente. Porque sinto. Porque não-sinto. Porque sei. Porque existo. Porque sou – ou estou. Whatever. Não é mais um sono constante. Há risadas quase histéricas, porém bastante verdadeiras. Há um amor-maior-que-o-mundo. Difícil entender-exteriorizar-expressar. Difícil até de respirar. Às vezes. “Às vezes” pode ser quase sempre, ou quase nunca. Pode ser – como tudo que tem existência, pode também não ser. Porém: tudo está? Onde? Onde se esconde? Oriental. Que me fazia pressentir um caminho em meio aos amarelos primaveris, e os verdes excêntricos da natureza em tempos de re-produção. Alimente-me. Respire-me. Coma-me&beba-me. Me oriente pela constelação do...

Cruzeiro? Do sul-norte-leste-oeste em que andaste sem me saber, jamais? Nunca, jamais. Nunca me soubeste. E eu aqui, te vejo, prevejo, imagino. Delirium est. Uma forma de aproximação estática. Uma forma de aproximação Platônica e segura. Uma forma de sonho, de satisfação e prazer. Em ti e teus braços e tuas risadas. Segurança. Oásis. Maybe I am only looking for that. Teus olhos, tuas mãos, meu oasis. Tu me guiarias se assim te pedisse? Meu cruzeiro (del sur). Me dirias sem muito pensar, ascendente, lua, Marte, Vênus y whatever more I’ll need to know? Would you dance with me?

Porque no fim, a pergunta certa é sempre esta. Você sabe tudo, ou você não imagina nada. A vida é um circo, e eu sou seu palhaço. Clown. Figura mítica. A vida é uma roda-gigante, e enquanto eu estou a subir, tu estas a descer. A vida é um moinho que vai triturar teus sonhos tão mesquinhos? Tua segurança é a certeza de uma ilha que solamente vive e jamás se perde. Todo mundo é uma ilha, mas nem todos sabem disso. Y se sabes vos? Que hago yo? Da vida sem você, dos dias sem saber. O quê?

Can you her me at all?

Não, nunca é simples, nunca é fácil. Estar aqui, sob um céu que às vezes tem estrelas, às vezes trovões – e às vezes se transmuta em um sem-cor infinito. Existem prazeres superiormente interessantes, existem sorrisos pelos quais poderíamos morrer, existem aqueles não nos sabem, e aqueles que nos imaginam. Existe uma possibilidade muda e infinita de combinações entre as partículas que unem cada segundo desse mundo. Infinitas.

A questão é: os deuses jogam dados? Ou as coisas são? Ou não?

Dos Prazeres Superiormente Interessantes

David Bowie
Anne Rice
Cabernet Sauvignon


[sobre todo hay siempre la sangre]

Tastefull.

We can be heroes, as you know.
Some kind of people from Dioniso.


sábado, 29 de outubro de 2011

Da Preguiça

Bob Dylan
(sempre no mesmo tom)
Céu nublado
(sempre na mesma tensão)
Bohemia escura
(sempre na mesma textura)

.Olhos.parados.
. Infinito.estático.
.sábado-pós-feriado.

[Às vezes a febre parece uma manifestação de tédio do corpo]

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Primavera nos dentes



Primavera nos dentes

Que nos tomem de assalto
Os tons
Os sons
(sussuros)
As cores
Os verdes
As flores
(incensos)
Os azuis
Dois sóis
As flautas
(doce)
As saias
Os sonhos
Os ventos
Os lenços
(caminho de troca passos)

Ao léu

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Das Profundezas do ser, cont.

Das Profundezas do Ser

Nirvana ainda me dá uma imensurável vontade chorar.

Chorar = deixar-se fluir para fora.

Nirvana me faz chorar com aquele quê de anunciação, de sagrado.

Deep and Misterious thing.

About me.
Oh me.

I can't see the end of me
My whole expanse I cannot see
I formulate infinity
And store it deep inside of me

http://youtu.be/LIgugzypVXU

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Do Amor Incondicional


[Yo te quiero, mi Naranjo en Flor]



Da Incultura do Sistema Educacional Infantil

Eis que de repente, por acaso você entra no orkut; e por acaso vê a atualização do perfil da escolinha onde sua filha passa uma parte considerável do dia - por motivos de força maior, já que trabalhar é preciso etc&on -, e daí você descobre... que teve visita do Ronald McDonald, fazendo apresentação para as crianças. E aí você pensa: what a hell?!?!

É por essas e outras que outras que acaba me saltando um discurso totalitátio: ditadura cultural, já!

E sabe o que é pior? Não adianta nem problematizar a questão, nem cogitar discutir o absurdo da coisa. O absurdo do símbolo mor de uma empresa exploradora de mão de obra, formadora de padrões culturais descartáveis e consumistas e difusora de uma alimentação porca estar fazendo uma apresentação para crianças entre 2-6 anos que estão em pleno processo de desenvolvimento cognitivo, motor e de formação da subjetividade. A empresa que é o maior símbolo do sistema capitalista. Porque não vão entender mesmo - afinal o Ronald é tão legal e simpático, e o passeio de domingo de todas as boas famílias, onde todas as boas mães levam seus filhos para curtir um lazer despretensioso e saudável é: no "Mac", dentro de um shopping center qualquer, of course.

Eu fico deveras frustada e deprimida por saber que minha filha hoje foi submetida a esse showzinho babaca de manipulação ideológica e difusão de cultura de massa. E não foi em qualquer lugar: foi dentro de uma escola de educação infantil - onde se cultivam também outros hábitos estranhos, como rezar antes das refeições (porque educação laica no Brasil, já viu né. Rá! Não viu não, colega. Porque não existe)

Quem ainda acredita na educação nesse país, aliás?

Acontece que como já disse a tia Rita, "tudo vira bosta", nada mais é sério - deve ser aquele vazio engolidor do mundo que nasceu com a tal da pós-modernidade, hipermodernidade, ou whatever. Se preocupar com esse tipo de acontecimento em geral é visto como uma histeria sem sentido. Antigamente era coisa de comunista. Tudo que era meio estranho aos padrões do status quo, ou que levantasse meio dedo de questionamento era "coisa de comunista" - mas pelo menos era levado a sério. Depois tem gente que faz questão de não entender o que houve em Londres. E o que tem acontecido em outros pagos desse mundinho ocidental de merda a fora.

TEM MAIS É QUE QUEBRAR ESSA PORRA TODA!

A real é quê. O mundo acabou. Já era. C'est fini.

Yo y Valentina vamos embora daqui, morar with the spiders from Mars.

Pra finalizar. Cada vez mais eu me preocupo com a minha responsabilidade de mãe como educadora de uma indivíduo, cidadã, livre pensadora e consciente. "Consciente" - abrangente assim mesmo. Das dores, amores e ódios do mundo, da vida. É uma baita responsabilidade, e eu espero conseguir fazer a minha parte da melhor maneira possível. E eu espero, do fundo do meu coração, que esse mundo mesquinho, ignorante e alienado não seja mais forte do que eu.



terça-feira, 9 de agosto de 2011

Lisbela e o Prisioneiro



Tem coisas que só o Caetano mesmo - pra explicar.
Ou: pra sentir.
Assim, assim - com uma veracidade docelorida.
Bonito.
Porque será que a tragédia tem sempre um aspecto estético que gera algum tipo de prazer aos sentidos?
Os gregos sabiam das coisas - havia até presságios.
E também, o vinho - com os sagrados ensinamentos de Dionísio.
Amém.

Das Imutabilidades

Sempre vai haver um agosto, chuvas intermináveis, la sangre de las mujeres, inverno de céus nublados y don't let me down y queen jane y por una cabeza, vinho tinto, olhos verdes gritando no espelho. Ao som de: Cazuza. Porque ninguém sabe sangrar como ele.

"Não amo ninguém - parece incrível
Não amo ninguém, e é só amor que eu respiro"

domingo, 31 de julho de 2011

Cocoricó de Segunda-Feira

E nesta segunda-feira que virá, creio que seremos acordadas pelo canto do galo que hoje tomou acento na testa da Valentina...

Nota: desnecessário ligar o despertador nesses casos.

sábado, 30 de julho de 2011

Shinning Crazy Diamond in a Cloudy Day



Quem mais nos salvaria nessa vida de semi-sapos encarcerados em dias úmidos & casas ou apartamentos vertendo lágrimas pelas paredes? O RS vai virar um brejo de vitórias-régias e coachos se não parar de chover. Vão começar a crescer fungos nas raízes da menina-vegetal, nos cachorros de rua, na ponta dos guarda-chuvas e sapatos molhados dos transeuntes. Até tirei as pantufas do pé a fim de espantar essa estática preguiçosa de sábado sem sol. Alpargatas vermelhas, dancinhas de mexer os pézinhos quaisquer, cabelos esvoaçando - ainda que agora sejam mais curtos, eles ainda gostam de se movimentar cortando o ar. Nessa cor de ameixa escura das dark ages (ainda quê. agora eu ande pela verdejante e exuberante natureza dos diários de Colombo quando da descoberta da América - Dá pra imaginar o impacto? Eu não consigo DE FATO, embora entenda racionalmente, me transportar para a sensação de algo tão tão inimaginável. Realismo fantástico.)

Então, olhando pelos vidros fechados para os galhos das árvores a balançarem suavemente na rua, a falta de cor dos dias cinzas, um que outro passarinho errante e sem voz, eu lembrei de um cara que se chama Syd Barrett. Até que poderia ter sido o Dylan, se eu morasse em um condomínimo que remetesse mais a urbe, pero que. Aqui é meio fora de lugar mesmo. Respondendo a pergunta do início desse texto quite nonsense, only a shinning crazy diamond could let be more light in a cloudy day like this.

E o que aconteceu foi que eu lembrei. Lembrei de como amava demais, sentia demais. De como cada música dessas guardava o sentido do mundo. Como são lindas as canções. Como são poeticamente plásticas e suaves. Barret was so kind.


Honey love you, honey little,
honey funny sunny morning
love you more funny love in the skyline baby
ice-cream 'scuse me,
I've seen you looking good the other evening

(Rá! Adoro!)

***

Nesses dias de julho morreu a Amy Winehouse. Embora eu não fosse lá tão fã, achei uma coisa muito muito triste ela morrer assim. Foi a Janis Joplin dessa geração. Às vezes parece que o tempo passa, os ventos da história sopram, e os mitos continuam se renovando nesse perpétuo ciclo. Mesmo nesses tempos desencantados e desinteressantes, ainda aparecem pessoas que tem Espírito a morrer uma morte romântica, a cantar com sangue pelas veias. Vida curta, vida intensa. É sempre triste o fim. Faltava agora só o ex-namorado se matar na cadeia. Entrariam pro panteão dos mártires da cultura/sociedade ocidental. Two lost children in the wood. Ecos de frases que nos meus vinte e poucos soavam belas: todo amor pede um ato de morte. Ou: todo poema contém uma gota de sangue. Anyway, anyhow. Amy foi cremada, e foi nauseante pensar na não-existencia orgâncai de seu corpo, daquela imagem jovem, almodovariana, kisch, rock'n'roll e sensual. Só resta uma lápide, mas no fim, é só o que vai restar para todos.

Seguem os sapos a coachar


***

Por fim, deixando um pouco dessa morbidez-dos-dias-nublados de lado, tem uma barretiniana adaptada de Joyce perfeita para a Valentina:

Lean out your window, golden hair
I heard you singing in the midnight air
my book is closed, I read no more
watching the fire dance, on the floor
I've left my book, I've left my room

For I heard you singing through the gloom
singing and singing, a merry air
lean out the window, golden hair...


Enquanto eu tento sentir algumas coisas com a intensidade dos idos anos, ela anda de lá prá pelo ap, um sapo tocador de acordeón na calça made in china, longos cachos dourados a balançar entre os sorrisos e os gritos: "mamãe!" Porque a princesinha que já tem dois aninhos, quer o monopólio da atenção, das palavras, dos discos e dos filmes. Pensando bem, a música dela é uma assim: She was a princess, queen of the highway ;)

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Dark Ages - ou: lamento sobre a chuva interminável

Essa chuva constante&incessante, sempre no mesmo tom, sempre no mesmo ritmo, me dá uma sensação de eternidade - aquela eternidade medieval, um locus de tempo fixo a correr sobre si mesmo, sem sair do lugar. Cruel eternidade do não-acontecimento.

A chuva também tem um aspecto semelhante ao do vento, faz brotar em mim a verdade do mundo orgânico: mesmo se não houve nesse planeta homo sapiens sapiens, culturas e civilizações - essa chuva estaria a cair da mesma maneira. No fundo, o mundo segue sendo um grande deserto, povoado por fantasmas. Pois quê. A morte é fim iminente.

Às vezes eu acredito mesmo que o mundo só existe na medida em que nós acreditamos na materialidade do que é externo.

Sensações com uma mesma raíz, e profundamente diferente: o vento me grita a vida; a chuva me faz doer a morte (ao menos essa chuva que é constante e com tendências infinitas).

Chuva infinita, mórbida como um relógio quebrado, que não conta mais o tempo.


terça-feira, 19 de abril de 2011

Cabelos Cor de Ameixa-Roxa

Cabelos cor de Ameixa-Roxa. Unhas vermelhas. Já são possíveis os cachecóis & os lenços ao vento. Logo virão as boinas, as botas e as bitucas. O hot choc nas xícaras old style & os restos de vinho tinto no fundo das taças. O doce e o amargo se derramam com suavidade plástica sobre a amarelicidade outonal.


Pelos Solos Desertos da Insônia

A noite toca com bordas claras as persianas da janela. O sono não vem. O sonho tampouco. Eu pálida, esquálida, incompleta. Em certas luas, o universo inteiro me grita. Por dentro, pelos olhos, pela boca seca e pela pele. O infinito pertence ao tempo não contado das horas mortas. A imaginação condena o Homem. O Homem condena o Destino. Flamejam palavras turvas sob a folha do papel. Flamejam surtos silenciosos do outro lado do espelho. A incompreensão do olhar sem fim. A agonia das notas tensas - como se a nona sinfonia pulsasse nas têmporas sem parar. Um lugar ao qual nunca se chega. Um lugar que não existe porque não se está lá. Oásis. Santuário. What are you looking for? Impera, soberbo e arrogante sob o altar das estrelas, um sorriso mitológico de estátua grega. Resoluta, porém incapaz de intuir o que se esconde por trás do ser que emerge intocável. Hay que endurecerse. Hay que olvidarse. Hay que flotar sobre el agua. Sim, misterioso feito um rio que não se sabe de onde vem, nem para onde corre. Toco a ponta do meus dedos na ponta dos dedos frios do meu duplo no espelho, que mira sem modificar minha expressão. Sem explicar, sem entender. Apenas refletindo. Minhas nítidas cores, gestos, impactos, interrogações, anseios e olheiras crônicas. A inquietação vem do desalinho dos cabelos. É tempo de Ameixas-Roxas.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Ahí, pero dónde, cómo


"No depende de la voluntad"
(Julio Cortázar)

De repente, ontem, me deparei com essa frase, nas páginas de Cortázar. Era um conto, Ahí pero dónde, cómo. Um tanto perturbador. Denso, tenso, sôfrego. Daqueles que a gente tropeça nas letras enquanto lê, e entende sem se apegar exatamente ao sentido literal - mas sim as sensações que brotam como coisa viva. Quase possível ouvir o retinir das teclas de uma velha máquina de escrever, quase possível ouvir o semi-silêncio do cigarro queimando na penumbra, quase possível sentir a textura do vidro de uma janela entreaberta&embaçada numa numa noite fria de inverno. Uma estética que embora seja imaginada - pois que o conto em si não tem nada a ver com cigarros e invernos -, subitamente emergiu quase plástica. Deve ser a narração em primeira pessoa, que faz a gente se transportar para a dimensão que o autor ocupa. O conto é um fluxo de consciência, no qual o narrador fala de como "sente-a-certeza" de que um amigo que morreu a mais de 30 anos ainda está vivo. Ele está sempre vivo, e ele sempre está prestes a morrer outra vez, e ele sempre morre, e ele logo volta ao momento precedente a morte outra vez, e assim sucessivamente - no sonhos, na realidade. Anyway. Quando eu li a frase que abre o Conto: "Não depende da vontade.", eu senti aquele entendimento e identificação que sobrevêm imediato quando algo diz respeito a nós mesmo - quando algo dialóga conosco DE FATO - e não é apenas uma informação que passa e vai embora. Essa frase sintetiza o sentido de tantas coisas espalhadas&esparças que fazem parte da minha suposta concepção essencialista/estruturalista de mundo. E também se harmoniza muito bem com a idéia do Eterno Retorno (aliás, a estrutura/temática do conto remete a um eterno retorno, a ciclicidade dos eventos). Eu não falo aqui do corriqueiro e cotidiano, eu falo daquilo que subjaz. Falo no sentido metafísico da vida, da morte, da existência - e dos sentimentos todos que nos fazem humanos, também. Eu acredito que essas coisas todas que são as realmente importantes, elas não dependem da vontade. Elas simplesmente "São". Não sei como, por que, de onde - o que explica, o que não explica. Mas nada do que se sente pode ser manipulado do interior ou construído como verdade. As coisas brotam de si mesmas. Sejam elas Acasos, sejam elas Destinos.


segunda-feira, 21 de março de 2011

What About Me

Outra estação, outra vez.
Outra vez Equinócio de Outono, outra estação se acabou, outra estação começou, outra vez eu fiquei institucionalmente um ano mais velha, outra vez a manifestação do tempo infinito-circular. Mas esse ano foi diferente. Esse é o primeiro ano desde que eu tinha lá pelos meus 10 anos de idade, que eu não fico triste no dia do meu aniversário. Não houve tristeza, nenhuma sombra de melancolia, nenhuma crise, nenhuma lágrima. Pra falar a verdade, esse ano eu até festejei - com vinho, como no tempo dos Romanos; e com Doors como no nosso tempo de. Nosso tempo de. Outros tempos. O fato é, desde muito muito cedo, quando eu ainda era criança, essa data teve um significado quase mórbido de pânico, de proximidade da morte, de uma expectativa semi-histérica por coisas que nunca aconteciam. Pela primeira vez, desde que sou mais ou menos essa indefinição contraditória de Amanda B. eu me sinto cabendo perfeitamente na idade que me toca. Now I'm 26. E tem uma verdade muito grande nisso.

Embora tudo sempre mude, as coisas continuam sendo as mesmas. Tudo é sempre tão igual e tão diferente. Os mesmos filmes, as mesmas músicas que me tocam o coração, as mesmas imagens que me fazem sentir viva. Mas também tem novos sabores, novos gostos, sensações. Novos horizontes - Universo em expansão, como já cantou Gessinger. De uma maneira geral, a impressão, o pressentimento, é de que tudo está no lugar correto - mesmo com infernos astrais, conflitos e descabimentos que têm ocorrido nos últimos anos. Parece que agora eu cheguei em um ponto. Não mais antes do ponto, nem além do ponto. No lugar exato. Não que eu entenda o que isso quer dizer.

Quer dizer. Não sei definir o tal do ponto, não sei definir o porquê dessa sensação de caber nos meus 26. Continua aquela mesma questão filosófica Aliciana, que serei eu agora, etc&son on. Amanda B., ainda Anna Blume, ainda Vegetable Girl, ainda Caos - mas não, nenhuma dessas facetas especificamente servem mais pra me explicar sozinhas. Eu sou mãe, sou mulher, sou funcionária pública, sou uma historiadora não-praticante, sou dona de casa, still young to rock'n'roll, eu me vicio facilmente em seriados - e me deprimo quando eles terminam, vide Weeds, a última perda-, eu sou uma recém addicted to polivitamínicos, eu sou apaixonada por fotografias, buscando um old style - com a nikon, não cannon; assim como Adidas, não Nike, uma sobrevivente de Caio F. trocando fraldas ao som do Dark Side of the Moon. Yerba Buena em noites roxas, aprendendo vinho tinto, molhos brancos, sushi e azeitonas. Sim, eu gosto de azeite de oliva. Arrumar a casa, quadros pra parede, cristaleira para os livros, roupeiros desmontados, paredes por pintar. Eu tenho plantas pra cuidar, eu gosto de mexer na terra, gosto dos cheiros, das texturas. Eu gosto de saber que elas também estão vivas - que como me corre o sangue, lhes corre a seiva. Talvez também me corra seiva. O Vermelho & Verde. Aquela coisa do sagrado. Ogum guerreando pela escuridão da lua.

[Aliás - Equinócio & Lua Cheia]
**Encantamento do Mundo**

Anyway, anyhow. Entre tudo isso e nada daquilo, me falta uma tatuagem no corpo, e aprender o salto alto. Eu gosto da idéia de uma marca na pele - tem quê de Absoluto, de Definitivo. Como se fosse uma verdade sobre mim. Ouroboros. Quanto ao salto alto, é dessas coisas que tem que vir com a idade - junto com os esmaltes, renew 25 anos, pincéis côncavos para sombra, demaquilantes e hidratantes corporais. Tem que ser daqueles bem extravagantes, a la Penélope Cruz nos filmes de Almodóvar, vermelhos - of course - afinal, a questão é puramente estética, não tem a ver com complexos de altura ou coisa do gênero.

***

Esses dias pensando em pensar sobre as minhas verdades óbvias, me deparei com a indefinição primordial de Amanda B.: eu não sou antiga, e eu tampouco sou moderna - em todos os sentidos. Essa instabilidade da não-definição me deixa nervosa até os átomos vezqueoutra. Mas acho que não deve ter nada que eu possa fazer quanto a isso. Resta colocar os fones nos ouvidos, e sair pela rua cantando alto "Ohhhh, Así soy yo..."

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Imprevistos

Nunca imaginei que um dia estaria, noite de verão, 25 anos - quase 26, pintando as unhas com esmalte colorama Rosa Pink ao som de Red Hot Chili Peppers.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011