segunda-feira, 21 de março de 2011

What About Me

Outra estação, outra vez.
Outra vez Equinócio de Outono, outra estação se acabou, outra estação começou, outra vez eu fiquei institucionalmente um ano mais velha, outra vez a manifestação do tempo infinito-circular. Mas esse ano foi diferente. Esse é o primeiro ano desde que eu tinha lá pelos meus 10 anos de idade, que eu não fico triste no dia do meu aniversário. Não houve tristeza, nenhuma sombra de melancolia, nenhuma crise, nenhuma lágrima. Pra falar a verdade, esse ano eu até festejei - com vinho, como no tempo dos Romanos; e com Doors como no nosso tempo de. Nosso tempo de. Outros tempos. O fato é, desde muito muito cedo, quando eu ainda era criança, essa data teve um significado quase mórbido de pânico, de proximidade da morte, de uma expectativa semi-histérica por coisas que nunca aconteciam. Pela primeira vez, desde que sou mais ou menos essa indefinição contraditória de Amanda B. eu me sinto cabendo perfeitamente na idade que me toca. Now I'm 26. E tem uma verdade muito grande nisso.

Embora tudo sempre mude, as coisas continuam sendo as mesmas. Tudo é sempre tão igual e tão diferente. Os mesmos filmes, as mesmas músicas que me tocam o coração, as mesmas imagens que me fazem sentir viva. Mas também tem novos sabores, novos gostos, sensações. Novos horizontes - Universo em expansão, como já cantou Gessinger. De uma maneira geral, a impressão, o pressentimento, é de que tudo está no lugar correto - mesmo com infernos astrais, conflitos e descabimentos que têm ocorrido nos últimos anos. Parece que agora eu cheguei em um ponto. Não mais antes do ponto, nem além do ponto. No lugar exato. Não que eu entenda o que isso quer dizer.

Quer dizer. Não sei definir o tal do ponto, não sei definir o porquê dessa sensação de caber nos meus 26. Continua aquela mesma questão filosófica Aliciana, que serei eu agora, etc&son on. Amanda B., ainda Anna Blume, ainda Vegetable Girl, ainda Caos - mas não, nenhuma dessas facetas especificamente servem mais pra me explicar sozinhas. Eu sou mãe, sou mulher, sou funcionária pública, sou uma historiadora não-praticante, sou dona de casa, still young to rock'n'roll, eu me vicio facilmente em seriados - e me deprimo quando eles terminam, vide Weeds, a última perda-, eu sou uma recém addicted to polivitamínicos, eu sou apaixonada por fotografias, buscando um old style - com a nikon, não cannon; assim como Adidas, não Nike, uma sobrevivente de Caio F. trocando fraldas ao som do Dark Side of the Moon. Yerba Buena em noites roxas, aprendendo vinho tinto, molhos brancos, sushi e azeitonas. Sim, eu gosto de azeite de oliva. Arrumar a casa, quadros pra parede, cristaleira para os livros, roupeiros desmontados, paredes por pintar. Eu tenho plantas pra cuidar, eu gosto de mexer na terra, gosto dos cheiros, das texturas. Eu gosto de saber que elas também estão vivas - que como me corre o sangue, lhes corre a seiva. Talvez também me corra seiva. O Vermelho & Verde. Aquela coisa do sagrado. Ogum guerreando pela escuridão da lua.

[Aliás - Equinócio & Lua Cheia]
**Encantamento do Mundo**

Anyway, anyhow. Entre tudo isso e nada daquilo, me falta uma tatuagem no corpo, e aprender o salto alto. Eu gosto da idéia de uma marca na pele - tem quê de Absoluto, de Definitivo. Como se fosse uma verdade sobre mim. Ouroboros. Quanto ao salto alto, é dessas coisas que tem que vir com a idade - junto com os esmaltes, renew 25 anos, pincéis côncavos para sombra, demaquilantes e hidratantes corporais. Tem que ser daqueles bem extravagantes, a la Penélope Cruz nos filmes de Almodóvar, vermelhos - of course - afinal, a questão é puramente estética, não tem a ver com complexos de altura ou coisa do gênero.

***

Esses dias pensando em pensar sobre as minhas verdades óbvias, me deparei com a indefinição primordial de Amanda B.: eu não sou antiga, e eu tampouco sou moderna - em todos os sentidos. Essa instabilidade da não-definição me deixa nervosa até os átomos vezqueoutra. Mas acho que não deve ter nada que eu possa fazer quanto a isso. Resta colocar os fones nos ouvidos, e sair pela rua cantando alto "Ohhhh, Así soy yo..."

2 comentários:

Gabi disse...

bah eu adorei isso, mesmo!
ainda estou meio longe dos 26, mas acho que peguei bem o espírito - que nem tanto tem a ver com idade em si né x)

Éden Barbosa disse...

adorei tbm. abs da terra do sol.