terça-feira, 20 de abril de 2010

Epifania

Eis que alguma coisa aconteceu. "Alguma coisa", sempre acontece, todos os dias, seja lá o que for. Triviais banalidades, corriqueirices em geral. Fraldas, roupas sujas, documentos de word, listagem de alunos, leite na padaria, ônibus demorados, mamadeiras, cerveja preta de fim de dia. Mas, ontem, aconteceu "alguma coisa" especial. Eu não sei bem definir o que é. Foi logo de manhã, já sentia aquela agonia, angústia do inesperado, frio na barriga. Liguei pra creche da Vale, liguei pro meu pai que passou o domingo gripado reclamando da vida, liguei pra mãe. Todos ok. Tudo certo sobre a Terra. Mas a angústia continuava ali. Subindo pelo peito, as mãos tremendo. Passei a tarde trabalhando, uns documentos pra redigir, internet, lanche bancado peo Estado, coisa e tal. Fim de tarde, pediatra, para verificar a ação do antibiótico - era otite dessa vez. Ouvidinhos novos e sarados. Valentina se recuperando de mais uma. Só ficou aquela congestão no nariz e garganta. A tal alergia. Hm. Ok, continua o antialérgico, 12/12hs. Depois, farmácia, 50 reals. Éééé, a vida não é mais como antigamente. Antigamente, se fosse eu mesma, morria da amidalite que fosse, mas não gastava meus miréis com remédios e exames e bababa. Enfim, casinha. Lá de baixo percebi a luz acessa. Gente em casa. GENTE EM CASA é tão bom - nem sempre, mas em geral. Eu gosto. E lá estavam, pessoas que eu gosto tanto. Pessoas que vem, que vão. Sempre ali, embora muitas vezes estejam em Outro Lugar. Era o Tempo Cíclico, que me doia desde cedo. As Verdades - Mentiras, o Olho Oriental. Sempre sei. Sempre sei. Às vezes parece que tem algo óbvio sendo dito, e eu não consigo ouvir. Não é bem "ouvir", é entender. A LINGUAGEM DOS VENTOS CARDIAIS. Winds of change. Na minha vida, as coisas & as pessoas tem raízes. Deve ser porque, antes de eu ter me tornado mulher, eu era uma garota-vegetal. "Antes de eu ter me tornado mulher." Uma das coisas que acontecem, e a gente nem percebe. Acho que já estou nessa outra categoria. A little bit scary. Então. "Alguma coisa" - a especial - vem a me-nos tocar, e dizer: é preciso voltar a pensar sobre algumas coisas. Tipo, quem somos, para onde vamos, e porque. Por quê? Afinal, os Seres ainda são Humanos. As mães também curtem o rock´n´roll. As mães também trocam fraldas ao som do Dark Side of the Moon. A trip é outra, mas é tão lisérgica e surreal quando Outros Velhos Tempos. Basta, sentir, basta deixar ser. Enjoy it. Eu me escondi na praticidade. Está na hora de voltar ao blog, ao invés de deixar frases vazias no twitter. Está na hora de re-definir Amanda B. O que ela gosta, ou não. Amanda B. gosta muito de ser mãe da Valentina. Amanda B. gosta muito de ainda ser Amanda B. - ainda que só seja possível após o sono da Pequena, vezqueoutra. E por aqui, a partir de agora, vou desenhando, em palavras&tons&cores, textinhos que dizem seja-lá-o-que-for, como sempre-foi. Volta a ser. Sabe por que eu gosto tanto do Dark Side? Porque ele também é cíclico. Ele reflete a Verdade das Verdades, Aquela. Eis quê. Let's keep walking. Agora, eu e Valentina.

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