segunda-feira, 26 de abril de 2010

Do complicamento das coisas da vida

Parece que chega um momento da vida no qual as coisas nunca mais serão simples e descomplicadas. Tudo fica meio parecido com roteiro de novela das oito, com certas pitadas de novela mexicana e, se duvidar, colheradas de Almodóvar. Não é que os fatos e situações me choquem, não. Já passei dessa fase. haha. É só quê. Eu tava assim, querendo entrar numa fase meio Aquarius, no stress, por aí vai. Descomplicação, só na adolescência - e ainda achamos que estamos mergulhados em zilhões de problemas e incompreensão. A adultícidade traz consigo o embrutecimento. Ou deveria trazer. Me faltam algumas virtudes que não cabem ao meu signo solar: a paciência, cautela, desconfiança. Embora eu entenda mais as coisas, eu não costumo por em prática a teoria adquirida. Essa defasagem nunca se preenche afinal. Teoria x prática. Desde que o mundo é mundo. Desde que o mundo é mudo? Não, nós que adquirimos a incrível capacidade de não-ouvir. Mas no final de tudo isso, eu queria mesmo era saber quem foi que disse que o sábado é dia de descanso?!?! Essa pessoa certamente não conheceu a jornada de trabalho semanal, a maternidade e o serviço doméstico. Agora eu digo, como mamãe já dizia, e antes dela, vovó, e assim sucessivamente: "como vai secar a roupa se não pára de chover?". Aliás. Eu consigo fazer cada vez mais coisas, num espaço cada vez menor de tempo, e com uma guriazinha se arrastando de bumbum entre as minhas pernas, os dedinhos me chamando e dizendo "mamamama". Começo a entender mais o modus vivendi da minha excelentíssima mãe. Quando eu me perguntava: como é que ela consegue? Só quê. No fundo, nem tão fundo assim de mim: resta um preguiça incomensurável e uma vontade de dormir por horas. Eu sou essencialista, já fui definida por aí. E o apreço ao Ócio, faz parte da minha essência - mesmo que no momento eu seja uma ociosa-não-praticante. Já que eu falei da minha mãe, e pra fechar circulamente esse post, voltando a questão inicial - do complicamento das coisas da vida - [parece subtítulo de livro do Rousseau, ou Hobbes], minha mãe sempre dizia que eu encarava tudo como preto ou branco, mas que eu tinha que aprender que entre o preto e o branco, havia uma infinidade de matizes. Eu só não imaginava que pudesse ser tudo tão "colorido" assim. Um nível gigantesco de possíbilidades e pixels. Absurdo com as "n upla" dimensões e o terrabit. Well, well, as I used to say: anyway, anyhow...

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Valentina Headbanger

Hora da janta, ontem a noite. Comidinha com arroz, feijão - que a vovó manda -, chuchu, batata e vagem, e nos altos falantes, Iron Maiden (porque começa a ficar frio, então já dá pra ouvir esse tipo de coisa, etc). Mas o que eu descobri durante a janta é quê. A Valentina é Headbanger. Balançou, balançou a cabeça, e saltava na cadeirinha de refeição. E-n-l-o-u-q-u-e-c-i-d-a. No final, acabou até com uns gritos, de "yeahh". E era aquele Iron do Paul Dianno. Com isso eu me pergunto: serão os trejeitos do Metal intrínsecos ao que desperta o próprio som? Só faltou ela erguer a mãozinha, mas aí já seria de mais, aos 10 meses e 1/2. E hoje, sexta-feira, que não é Santa, mas é chuvosa e fria, teve vacina contra a gripe "A". E dessa vez não doeu coisa nenhuma. Será poruqe me preparei ao som do excelentíssimo Sir Lou Reed, ou será porque agora que eu sou mãe não me cabem mais esses medos? Semana que vem é a vez da Srta. Vale - se não surgirem mais impecilhos orgânicos, e eu espero que não.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

A Re-Invenção do Ser - Brain Damage

A Epifania foi o primeiro passo, o clic de luz, que abriu um túnel, ainda um tanto obscuro, a frente. Ou será...que eu sai do túnel, e encontrei uma encruzilhada de terra clara - entre árvores, gramados verdes-verdes e girassóis? Sim, assim é melhor. Eu abri os Olhos - Abra los ojos - e percebi que, de repente, o mundo era outro, a vida era outra, eu já não era mais a mesma. Tudo parecendo brilhantemente novo e desconhecido. Tudo pronto para ser re-conhecido? Sim. As pessoas, as sensações, os atos, os lugares. "Fortes Impressões de Vida". Os dias ainda são frescos feito frutas coloridas e molhadas. Os dias ainda trazem surpresas - boas surpresas - nas entrelinhas. A existência é tão boa, dos amigos, dos toques, do vinho branco, das músicas cheias de amarelicidade mineira, do tabuleiro de War, da Valentina a rebolar, dos edredons em dias quase-frios, dos cigarros em fim de noite, da santamaria, do café. E tudo mais que nos faz felizes&completos. E era feriado também. Os feriados preguiçosos e languidos como os domingos que nunca terminam. Houveram conversas - ainda não acabadas - que deveriam ter acontecido anos-luz atrás - quando eu ainda nem Vegetable Girl era. Teve um outro cd da Palavra Cantada para a euforofelicidade de Valentina. Teve almoço comunitário - frango com molho branco e pimentão. Eu tenho a sensação de não caber mais em mim. Eu ando rindo sozinha pelos cantos. Uma loucura-sóbria qualquer de Outonos Astrais. De um lado lado "the lunatic is my head", de outro, comprei livrinhos de presente, porque tem coleguinha de creche da Vale fazendo aniversário hoje. Fiz pacote bonito e tudo. Se chama Sirius, o menino. Deve vir de: Sirius Black, o padrinho interessante do Harry Potter. E hoje, eu peguei a chuva no meio do caminho - ou: ela me pegou. Só que. Agora sou mamãe, e agora eu tenho um guarda-chuva.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Epifania

Eis que alguma coisa aconteceu. "Alguma coisa", sempre acontece, todos os dias, seja lá o que for. Triviais banalidades, corriqueirices em geral. Fraldas, roupas sujas, documentos de word, listagem de alunos, leite na padaria, ônibus demorados, mamadeiras, cerveja preta de fim de dia. Mas, ontem, aconteceu "alguma coisa" especial. Eu não sei bem definir o que é. Foi logo de manhã, já sentia aquela agonia, angústia do inesperado, frio na barriga. Liguei pra creche da Vale, liguei pro meu pai que passou o domingo gripado reclamando da vida, liguei pra mãe. Todos ok. Tudo certo sobre a Terra. Mas a angústia continuava ali. Subindo pelo peito, as mãos tremendo. Passei a tarde trabalhando, uns documentos pra redigir, internet, lanche bancado peo Estado, coisa e tal. Fim de tarde, pediatra, para verificar a ação do antibiótico - era otite dessa vez. Ouvidinhos novos e sarados. Valentina se recuperando de mais uma. Só ficou aquela congestão no nariz e garganta. A tal alergia. Hm. Ok, continua o antialérgico, 12/12hs. Depois, farmácia, 50 reals. Éééé, a vida não é mais como antigamente. Antigamente, se fosse eu mesma, morria da amidalite que fosse, mas não gastava meus miréis com remédios e exames e bababa. Enfim, casinha. Lá de baixo percebi a luz acessa. Gente em casa. GENTE EM CASA é tão bom - nem sempre, mas em geral. Eu gosto. E lá estavam, pessoas que eu gosto tanto. Pessoas que vem, que vão. Sempre ali, embora muitas vezes estejam em Outro Lugar. Era o Tempo Cíclico, que me doia desde cedo. As Verdades - Mentiras, o Olho Oriental. Sempre sei. Sempre sei. Às vezes parece que tem algo óbvio sendo dito, e eu não consigo ouvir. Não é bem "ouvir", é entender. A LINGUAGEM DOS VENTOS CARDIAIS. Winds of change. Na minha vida, as coisas & as pessoas tem raízes. Deve ser porque, antes de eu ter me tornado mulher, eu era uma garota-vegetal. "Antes de eu ter me tornado mulher." Uma das coisas que acontecem, e a gente nem percebe. Acho que já estou nessa outra categoria. A little bit scary. Então. "Alguma coisa" - a especial - vem a me-nos tocar, e dizer: é preciso voltar a pensar sobre algumas coisas. Tipo, quem somos, para onde vamos, e porque. Por quê? Afinal, os Seres ainda são Humanos. As mães também curtem o rock´n´roll. As mães também trocam fraldas ao som do Dark Side of the Moon. A trip é outra, mas é tão lisérgica e surreal quando Outros Velhos Tempos. Basta, sentir, basta deixar ser. Enjoy it. Eu me escondi na praticidade. Está na hora de voltar ao blog, ao invés de deixar frases vazias no twitter. Está na hora de re-definir Amanda B. O que ela gosta, ou não. Amanda B. gosta muito de ser mãe da Valentina. Amanda B. gosta muito de ainda ser Amanda B. - ainda que só seja possível após o sono da Pequena, vezqueoutra. E por aqui, a partir de agora, vou desenhando, em palavras&tons&cores, textinhos que dizem seja-lá-o-que-for, como sempre-foi. Volta a ser. Sabe por que eu gosto tanto do Dark Side? Porque ele também é cíclico. Ele reflete a Verdade das Verdades, Aquela. Eis quê. Let's keep walking. Agora, eu e Valentina.