terça-feira, 11 de maio de 2010

And after all we're only ordinary men.

Um dia haverá flores antigas entre nós dois, como aquelas de azulejos franceses demodes. Entre nós dois, a atmosfera sólida&cinza de estruturas monumentais em choque duro&bruto, cresce e se engrandece, como ervas daninhas tomando o jardim. Quando falo de ti, corrompo até a linguagem, que se perde num pântano expressionista alegro-fúnebre - que se não é de todo estranha, tampouco posso dizer minha. Minha, do corpo e da alma, do Sangue e da Seiva - que nunca provaste ou conheceste, pois que vives no breu, entre a névoa torpe da madrugada e as buzinas agudas perdidas na noite&asfalto. Nada a que tu mires o olhar vazio fará sentido, ou será arte, ou morte, ou canto. A tua crua humanidade sopra um vento fino e frio no vácuo de becos escuros. Eu acendo um sol sobre a tua cabeça. Para que te toque, te queime, te corte, ilumine, abençoe, amém. O que precisas é salvação. Salvação do que perdes por um corte de morte, um tango de compassos duros, a cada segundo da tua existência longe das fases da lua, dos Mundos, dos passos do Espaço brilhante. Faça algo bom. Shine in the dark side and create something New. Hora de aprender a ser de dentro, e não de ser para fora. Hora do teu olho tremer de insegurança&espanto ao mirar o que não ousa aceitar. Teu avesso te controverte. Quanto a mim, eu me perco nos caminhos tortos e instáveis da tua estrada delicadamente concebida e construída com quê de Identidade. Como jogo de azar, tua Cara ou tua Coroa amanhecerá com a face a me olhar nesse dia?


Suddenly, nasceu um muro. Ele cresceu, ficou forte e alto, entre nossos corpos&olhares. A cada dia, eu via menos teus olhos do outro lado, e de repente, nem tua voz ouvia. O muro criou vegetação úmida - limo e trepadeiras. Os mundos separados conheciam apenas seus universos particulares, seus sorrisos e suas certezas. Mas como eu dizia, um dia haverá flores antigas entre nós dois - porque o tempo segue em badaladas cruas e infindáveis, as memórias se perdem como nuvens se esvaem no céu gelado, e eu sigo andando de braços cruzados sob as gotas de chuva fria.

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